terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Escrava sexual




No "Essa é a minha história" de hoje, vamos mergulhar num mundo sem pudores e sem limites, através dessa narrativa corajosa e bela feita por Irene.




"Meu nome é Irene e tenho 36 anos.

Quero dividir meu drama particular com as leitoras do seu blog, que conheci há pouco tempo atrás. Li todas as histórias publicadas anteriormente e isso me incentivou a criar coragem e contar a minha também. Até porque não tenho muitas pessoas com quem dividi-la.

Sabe, minha vida sempre foi normal. Sou a irmã mais velha dos cinco filhos que meus pais tiveram, então não brincava muito, porque tinha que ajudar minha mãe a cuidar dos meus irmãos. Não éramos pobres a ponto de passar fome, mas em casa tudo era dividido, nossas roupas eram passadas de uma criança para outra, assim como nossos brinquedos. Estudamos em escolas públicas o que, na época, não era tão ruim assim. Minha mãe era muito prendada e gostava de fazer artesanato, e assim ajudava ao meu pai com as despesas da família. Com 12 anos eu andava sozinha, dava banho nos meus irmãos, trocava fraldas, fazia faxina na casa e cuidava deles quando mamãe saía para entregar alguma encomenda, ou ir ao mercado. Além de fazer isso tudo diariamente, eu também tinha que estudar muito, para ingressar numa boa faculdade algum dia e poder oferecer uma vida melhor para meus pais e meus irmãos. A adolescência chegou e foi embora e, se não fossem pelos pêlos pubianos e seios, eu nem teria notado. Eu não saía de casa para ir ao cinema porque não tínhamos dinheiro, nem saía com meus amigos, porque não tinha amigos na verdade. Com uma vida tão corrida, quem tem tempo para amigos?

Dos 12 aos 18 anos, a vida passou rapidamente. Com 14 anos consegui um emprego numa lojinha de artesanato na beira da estrada, mas nem por isso minhas obrigações com estudos e com meus irmãos diminuíram. Terminei a escola com louvor aos 17 e, com 18 anos, passei para uma boa faculdade de engenharia. Minha mãe queria que eu fosse médica, para cuidar dela e de meu pai na velhice, mas eu detestava ver sangue. Todas as vezes que meus irmãos se machucavam (e foram muitas!), eu ajudava minha mãe a cuidar de seus ferimentos com frieza, para depois sentir tremedeiras no corpo e sentir tonturas. Pensando nisso agora, era uma reação retardada a que eu tinha, com certeza para não parecer inútil perante meus pais.

Minha vida foi assim: muitas responsabilidades, nenhuma diversão.

Na faculdade minha vida mudou completamente. Foi como se eu tivesse acabado de chegar a esse mundo. Conheci tantas pessoas interessantes! No segundo ano de faculdade, saí da casa dos meus pais para dividir um apartamento perto da Universidade com mais duas amigas e comecei a estagiar numa empresa de grande porte. Como eu já estava muito acostumada à responsabilidade, não tive dificuldade alguma em morar sem meus pais. Senti sim, muita falta de meus irmãos, e demorou um tempo para que eu pudesse sentir prazer em viver a vida de uma jovem solteira. Ainda assim, visitava minha família toda semana. 

                                         


Foi numa viagem com amigas da faculdade que, aos 22 anos, conheci o Stephan. Ele bebia sozinho na boate onde estávamos e, ao me ver, se aproximou. Ele era muito alto, bonito, corpo atlético e quando chegou perto de mim, pude sentir seu perfume. Ele também era alemão, o que eu jamais teria pensado, porque era negro. Eu nunca havia conhecido nenhum alemão negro antes... nem nenhum outro alemão, na verdade, mas alemão negro eu nunca tinha ouvido falar. 

Stephan falava bem o Português, mas tinha um sotaque engraçado. Conversamos, dançamos, bebemos um pouco e saí da boate naquela noite sem as minhas amigas. Eu estava apreensiva, mas o pouco álcool que eu havia ingerido foi suficiente para me dar mais coragem. O fato de Stephan ser um galanteador à la Don Juan também contribuiu muito para que fosse com ele ao seu hotel.

A noite foi maravilhosa. Eu perdi a minha virgindade com ele, que foi extremamente cuidadoso e delicado. Foi, sem sombra de dúvida, a noite mais maravilhosa que eu já tive na vida.

Nos quatro dias que seguiram, eu praticamente deixei minhas amigas de lado para ficar com ele. Sentia-me embriagada ao lado dele e ele demonstrava muito prazer e alegria em estar comigo. Mas, vida que segue, como mulher responsável que sempre fui, voltei à minha rotina de faculdade, estudos e trabalho de novo. Sentia muitas saudades de Stephan. Ele me fazia sentir a mulher mais linda do mundo e aquele sentimento era novo para mim, porque nunca havia prestado atenção a essas coisas.

Ele deixou escrito o endereço dele na Alemanha, estranho, sem nome de rua, e pediu que não perdêssemos contato, porque gostaria de me ver outras vezes. No dia em que decidi escrever para ele, recebi uma carta da Alemanha com mesmo endereço estranho e sem nome algum de remetente. Era uma carta dele e eu fiquei radiante! Na carta ele dizia estar vindo ao Brasil no próximo mês para me ver. Falamos-nos por telefone algumas vezes depois disso. Eu estava tão apaixonada!

Dito e feito. Um mês depois, ele veio ao Brasil e se hospedou num hotel luxuoso. Durante as duas semanas em que Stephan ficou aqui, eu não visitei minha família e faltei a algumas aulas, coisas que jamais pensaria em fazer. Nossa relação era tão gostosa, tínhamos tantas afinidades, que eu tinha a certeza de que iria me casar com ele.

Ele veio para o Brasil mais duas vezes e, finalmente, quando terminei a faculdade, eu fui à Alemanha conhecer sua vida. Ele pagou minha passagem e me pegou no aeroporto. Fiquei hospedada em sua luxuosa casa. Era, sem dúvida, a casa mais linda que eu havia visto na vida! Tinha lareira, cômodos amplos, dois andares, móveis planejados, muita madeira, enfeites de várias partes do mundo. Fotos dele em vários países do mundo. Fotos com os pais, já falecidos. Ele era um homem de negócios muito bem sucedido e, durante os 10 dias que passei com ele, tive a oportunidade de conhecer alguns de seus amigos, todos extremamente simpáticos e bem vestidos. Eles chegavam em carros de luxo, bebiam um pouco, conversavam um pouco, me olhavam bastante e sempre sorriam. Por duas vezes eles pediram licença e se fecharam em seu escritório.

De volta ao Brasil, a saudade me corroía. Falávamos-nos quase que diariamente e eu já não suportava ficar sem ele. Nessa época, recebi uma proposta de trabalho muito boa e fiquei animada, pois poderia ajudar meus pais de uma forma que nunca pudera antes. Contei para ele a novidade, por telefone. Três dias depois, na data em que eu havia marcado para ir ao RH da empresa, ele surgiu na minha porta com um buquê de flores e um anel enorme de diamantes, e de joelhos, me pediu que casasse com ele. Esse foi o segundo dia mais feliz da minha vida.
                     

Não só recusei o emprego, como mudei minha vida completamente do dia para a noite. Apresentei Stephan aos meus pais, que ficaram surpresos com tantas novidades, porque eu nunca havia falado nada para eles. Prometi que sempre cuidaria deles e que enviaria dinheiro da Alemanha, assim que arrumasse um emprego. Stephan disse a eles que cuidaria muito bem de mim e que enviaria passagens para eles e meus irmãos participarem de nosso casamento. Stephan voltou à Alemanha três dias depois, e eu fui, de mala e cuia, duas semanas depois. Tudo ocorreu de forma rápida e excitante. Mal tive tempo de me despedir das minhas queridas amigas de faculdade e de apartamento, nem tampouco da minha família. 

A vida na Alemanha era um sonho. Morávamos num lugar lindo, tínhamos muito conforto, jantávamos fora quase todos os dias. Eu queria me sentir em casa, fui arrumando aos poucos, adaptando meu gosto pessoal. Stephan, sempre muito flexível, parecia gostar da minha adaptação. Disse-me para não me preocupar em trabalhar por enquanto, que eu aprendesse o alemão primeiro e, somente depois do casamento, começasse a pensar em trabalhar. Nenhum de nós dois desejava ter filhos. Ele era filho único e seus pais já eram falecidos e eu, acho que por ter vivido e visto a imensa dificuldade que meus pais, meus irmãos e eu passamos, não queria trazer uma criança a esse mundo para passar por dificuldades, mesmo tendo condições financeiras para criar e educar um filho confortavelmente.

Stephan gostava muito de sexo e me ensinava tudo, já que eu era muito inexperiente. Ele queria fazer sexo todos os dias e a qualquer hora do dia ou da noite. Tudo era motivo para deixa-lo excitado: eu acordando, eu cozinhando, eu limpando a casa. Eu participava ativamente de todas as brincadeiras e fantasias. Não tinha muito que fazer da vida naquela época e ele trabalhava em casa na maior parte do tempo.

Meus pais e dois irmãos chegaram à Alemanha três dias antes do nosso casamento e ficaram hospedados em um hotel próximo. A cerimônia foi muito bonita, no jardim da nossa casa, com minha família de quatro representantes, e os amigos dele. Ficamos na Alemanha por mais dois dias com minha família e os levamos para conhecer o país, e, no dia que embarcaram para o Brasil, nós dois viajamos para as ilhas gregas em nossa lua-de-mel.

De volta para casa, na Alemanha, Stephan começou a trabalhar um pouco mais do que de costume, ainda assim, transávamos diariamente. Éramos só nós dois, então não havia hora, nem limites. Depois de alguns meses mergulhados numa rotina intensa de sexo, prazer e muitas fantasias sem nenhum pudor, ele me preparou uma surpresa: estávamos fazendo amor na cozinha, quando fui surpreendida com a imagem de um amigo de Stephan refletida na porta das micro-ondas, nu e ereto, vindo em minha direção. Assustei-me, mas, mesmo sem dizer uma palavra, Stephan me tranquilizou com seu olhar e seus gestos carinhosos. Esse foi o primeiro episódio de muitos outros que ainda estavam por vir...

Não irei escrever os detalhes mais íntimos do que ocorria, pois não sei se isso acarretaria em algum problema para vocês, ao ser publicado na internet. Tentarei ser o mais fiel possível aos fatos, sem ser explícita.

Esse amigo de Stephan voltou outras vezes. Depois de uns dois meses, outros amigos apareceram também. No princípio era prazeroso. Um mundo novo se apresentava para mim e, com meu marido ao meu lado, eu me sentia segura para permitir, participar das brincadeiras e sentir prazer com elas.

Nos meses seguintes foram aparecendo cada vez mais amigos. Em um desses dias, Stephan me colocou num puff redondo e grande na sala, cercada por cinco homens. Eles faziam o que queriam comigo, se revezando. Num determinado momento, pedi para ir ao banheiro e, passando pela cozinha, vi, pelo reflexo do mesmo micro-ondas, um doa amigos de Stephan tirar algumas notas de euro da calça e dar a ele. Continuei andando até o banheiro, me tranquei, sentei no vaso para não cair, porque minhas pernas estavam bambas e meu corpo tremia; não sei se pelo cansaço físico ou pela decepção imensa que senti. Meu marido estava recebendo dinheiro dos amigos, para transarem comigo. Fiquei com isso na cabeça, mas não o confrontei naquele dia.

Agora eu entendia porque de Stephan ter tantos amigos. E todos homens!

Três dias depois, meu marido estava na sala, assistindo TV e alguns de seus “amigos” começaram a chegar. Muitos rostos eram novos para mim.

Ele me pediu que levasse uma cerveja para ele e, quando me aproximei, ele colocou a mão por debaixo da saia que eu usava, começou a beijar e a acariciar minhas pernas, tirando minha calcinha. O que eu sentia era um misto de raiva, prazer e vergonha. Uma carga de emoções diferentes, e todas igualmente intensas. Stephan iniciou a orgia, para seus amigos, um por um, ou vários ao mesmo tempo, desfrutarem de mim.

Eu estava muito confusa. Ao mesmo tempo em que Stephan me fazia sentir e me dizia que aquilo tudo era bom e normal, eu me sentia incomodada e triste quase que o tempo todo.

Disse que iria tomar um banho, mas desviei o caminho para o corredor. Nesse dia, tive a confirmação de que meu marido, de fato, estava me fazendo de prostituta. Obviamente eu já entendia o alemão, e ouvi aqueles homens dizendo o quão bom tinha sido, que valia cada centavo, que voltariam novamente, que avisariam a fulano...

 
              Imagem: Kaleidoscope U of Alabama Birmingham
                                          
                
Depois de tomar um longo banho e seus amigos terem ido embora, confrontei meu marido pela primeira vez. O que vi na minha frente, foi um homem; Stephan ao avesso. Ele me falou que servir a ele e a quem ele permitisse era obrigação minha e o fato dele cobrar por isso, era um direito dele. Uma vez que eu não trabalhava, era justo que desse algum lucro a ele, ao invés de prejuízo. Não tenho palavras para descrever tamanho desespero que senti. Era tudo muito confuso. Quem era aquele homem? Cadê o meu marido? Esse era meu marido? Nada fazia sentido, e tudo fazia sentido! Eu precisava sair daquele lugar. Eu estava na Alemanha, meu Deus! 

Stephan foi tomar banho e eu saí de casa. Correndo feito uma louca na rua gelada, me dei conta que não fazia ideia de onde ir. Em todos esses meses, Stephan havia me mantido dentro de casa, fazendo uma espécie de lavagem cerebral sexual comigo e eu nem me dera conta. Não sabia nem onde era o mercado, não tinha amigos nenhum, não tinha dinheiro para ir a lugar algum. Corri até cansar, depois vaguei, sem rumo, pela cidade fria. Sentei num banco público qualquer e comecei a chorar muito, com a cabeça entre as pernas. Foi quando senti um toque delicado na minha cabeça e, ao olhar para cima, vi um rosto conhecido. Não me lembrava de onde conhecia aquela mulher alta, loira, magra como uma modelo de passarela, mas ela me perguntou o que estava acontecendo e eu contei tudo a ela, numa fração de segundos, tão nervosa eu estava. Ele me transmitia muita confiança, e me disse que entrasse no carro dela, que iria me acolher em sua casa, que eu precisava descansar, e que, no dia seguinte, pensaríamos juntas em como proceder. Eu concordei e ela me levou para sua casa. Deu-me um chá quentinho, roupa de cama cheirosa, e eu apaguei.

Quando abri meus olhos, com muita dificuldade, vi o rosto de Stephan. Quis gritar, mas acho que não saía nenhum som da minha boca. Sentia-me pesada feito um elefante, não conseguia me movimentar, e meu raciocínio estava lento também. Não sabia se estava sonhando ou se realmente aconteceu, e até hoje, lembro-me de flashes apenas. Stephan me carregando no colo. Stephan sorrindo. Stephan dirigindo.

Acordei com uma espécie de ressaca pavorosa, nua, com minhas mãos algemadas na cabeceira, e meus pés amarrados na nossa cama. Stephan disse: “boa noite, meu amor. Você me fez muito mal em fugir de casa. Não deveria agir dessa forma com seu marido. Você será devidamente punida por isso”. Deu-me um beijo na testa, saiu do quarto e fechou a porta. Esforcei-me para desatar os pés dos nós e as mãos das algemas, claro, em vão. Pensei que essas coisas acontecessem nos filmes, nunca na vida real. Não comigo. Não era possível.

Ainda imobilizada, a porta se abriu e três homens entraram. Estupraram-me repetidamente.

Vivi essa rotina de escrava sexual durante mais de um ano. Estava deprimida, havia emagrecido mais de 10 quilos, o que aborrecia Stephan. Ele me dizia para comer, empurrava comida na minha boca. O número de homens começou a diminuir. Tinha apenas um “cliente” fiel, um homem velho e esquisito, que sentia muito prazer em me violentar, porque eu parecia um cadáver. Essas foram suas palavras.

Eu estava no inferno. Não podia falar com ninguém, não tinha acesso a computador nem telefone, não tinha amigos. Stephan colocava o telefone no meu ouvido, às vezes, para falar com meus pais, e monitorava nossas conversas, de forma que eu não falasse nada suspeito, mas isso já fazia mais de um mês que não acontecia. Ou uma semana. Não sabia quanto tempo, na verdade.

Não sei como, nem porque, mas um dia simplesmente acordei com vontade de sair do inferno. Alguns dizem que foi Deus que me resgatou, outros que foi minha força interior. Fato é que comecei a comer novamente, comecei a tomar banho, e voltei a ganhar peso. Aos poucos, mesmo com a rotina de escrava sexual, fui parecendo mais como uma mulher e menos como um cadáver. Mas eu havia mudado por dentro também. Não sentia nada. Absolutamente nada.

Essa força não durou por muito tempo, não foi suficiente para que eu conseguisse sair de lá, e eu tive altos e baixos. Lutava comigo mesma, me forçava a aceitar a situação e aprender a gostar dela, para que Stephan ficasse feliz e pudéssemos ter uma vida feliz novamente. É difícil descrever em palavras, mas é como se houvessem duas Irenes em mim, uma queria lutar, outra se entregar, e elas estavam igualmente vivas. Num dia só, eu podia sentir o poder de ambas, e oscilava entre uma e outra.

Depois de três anos vivendo como escrava sexual, entendi que o único jeito de sair dali seria morta. Com um alívio muito grande, cortei meus pulsos com a faca da cozinha, quando Stephan estava em seu escritório, e sentei no chão da cozinha, feliz.

No hospital, quando acordei, pude relatar tudo o que me acontecera à polícia e às mulheres a assistência social e da embaixada. Nem sinal de Stephan nem de seus amigos medonhos. Levaram-me para um abrigo, onde fui muito bem tratada. Dei todas as informações que pediram sobre Stephan. Falei com meus pais pelo telefone. Fiz tratamento psicológico inicial antes de voltar para o Brasil, e continuei quando cheguei aqui.

Nunca mais ouvi falar daquele homem. Durante alguns anos vivi com muito medo. Mudei de cidade e comecei uma vida nova, do zero. Tenho um bom emprego, faço acompanhamento psicológico e faço um trabalho voluntário com prostitutas e meninas de rua que, apesar de não ser exatamente o que eu passei, tem inúmeras semelhanças, e, com minha experiência, eu posso ajuda-las. Não tenho mais medo de encontra-lo. O que ele poderia fazer contra mim, afinal de contas? Tirar minha vida? Não tenho medo de morrer, o que me deixa segura em relação aos meus passos e à minha vida. Foi uma história muito intensa e muito dolorosa essa que eu vivi, mas, graças à excelente terapeuta que me acompanhou ao longo dos últimos dez anos, e à minha vontade de viver e ajudar as pessoas em situações semelhantes, não tenho traumas, apenas lembranças.

Obrigada pelo espaço. Desejo que minha história, assim como tantas outras contadas em seu blog, ajude a mulheres que precisam.

Sinceramente.

Irene."



Todas as histórias são reais e enviada à Monde Privé por suas autoras. Todos os nomes são fictícios, para proteger a identidade da autora.

Deseja compartilhar conosco sua história? Envie um e-mail para contato@usemondeprive.com.br. 
Nós respeitamos sua privacidade e nos comprometemos em não revelar sua real identidade.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Promoção Cultural "Ser Mulher"

Conte pra gente como é ser mulher.




Se você deu um sorrisinho, é porque sabe que ser mulher é muito mais complexo do que se possa imaginar, não é verdade?

Nós, mulheres, somos, na verdade, várias mulheres. No trabalho somos uma. Com as crianças somos outra.  Na vida sexual somos outra (ou outras). No final de um dia, exercitamos nossa capacidade nata da versatilidade.

E você? Como é ser mulher pra você? Como é ser você? Quem é a mulher que as pessoas veem mas poucos realmente conhecem?
Conte pra gente. 

Conte sua experiência de ser mulher. Da forma que quiser. Pode ser um texto pequeno. Pode ser uma frase. Pode ser um poema. Pode ser uma crônica. Pode ser um texto longo. Aqui não há limites para sua imaginação.


Envie um e-mail para contato@usemondeprive.com.br
escreva sobre o que é ser mulher 
e concorra a um Espartilho Fatale.


Todos os e-mails serão lidos e, no dia 31 de janeiro, divulgaremos o texto vencedor.

A ganhadora do Espartilho Fatale receberá o prêmio em sua casa, numa linda embalagem + cupom de descontos para ser usado em suas próximas compras através do nosso site




                                                                                                             
                                    
                                                        
"Ser mulher... 
É viver mil vezes em apenas uma vida.

É lutar por causas perdidas e
sempre sair vencedora.
É estar antes do ontem e depois do amanhã.
É desconhecer a palavra recompensa
apesar dos seus atos."
Autor desconhecido


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Você, sua amiga, batom e diversão!



A Monde Privé, referência em lingeries para mulheres de bom gosto, e o Clube do Batom, referência em eventos exclusivos para o público feminino, têm o prazer de presenteá-la com uma noite de muita diversão, boa música e tequila, entre otras cositas más... 

Clique no link e participe do sorteio de 2 convites V.I.P. 
para a festa mais feminina da Cidade!



Mulheres, aproveitem sem moderação!

O único happyhour exclusivo para o público feminino!

- Estrutura moderna e diferenciada de boate e bar
- DJ a noite toda
- Shows com os melhores strippers do Rio
- Tequileiro
- Jello shots cortesia
- Maquiador Profissional
- Massoterapia
- Boutique Sexy
- Ensaio fotográfico sensual
- Lingeries Monde Privé



Dia 10 de Janeiro - Quinta-feira

Serviço:
Rua Figueiredo de Magalhães, 885 lojas E & F - Copacabana
Horário: 19h às 23h
Valores:
 - Lista:
R$ 35,00 até 20h
R$ 40,00 após 20h

 - Sem lista:
R$ 45,00

Condições especiais para despedidas de solteira e aniversariantes

Reservas e informações - contato@clubedobatom.com.br
No ingresso está incluído um pacote de pura diversão que você e suas amigas jamais esquecerão!


Esqueça tudo o que você já conheceu. Ouse!

A cada dia que passa, as mulheres conquistam mais espaço no mercado de trabalho, na política, nos esportes e nas mais diversas áreas. Nada mais natural que tenham um espaço só delas onde possam reunir-se, trocar experiências e, o melhor de tudo, se divertir como nunca! Aqui, homem não entra. O Clube do Batom surge com um conceito totalmente inédito no Rio de Janeiro. Agora a cidade tem um verdadeiro HAPPY HOUR FEMININO. Despedida de solteira, chá de lingerie/divórcio com as lingeries mais lindas do Brasil, aniversário ou uma simples confraternização são apenas algumas possibilidades dessa nova tendência. 
Mesmice nunca mais!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Elas saíram da pobreza e construíram impérios


Entre os empreendedores do Brasil, as mulheres já são maioria. Hoje, são 18,8 milhões de brasileiros à frente de negócios com menos de quatro anos, segundo a Global Entrepreneurship Monitor. Desses, 53% são mulheres. Isso significa que existem milhões de brasileiras neste momento tentando mudar sua vida e a de suas famílias abrindo salões de cabeleireiros, pequenos comércios, confecções, clínicas e empreendimentos mais ousados.

Sylvia, Carla e Zica são três mulheres que também começaram assim. Em comum, elas têm a origem pobre, o trabalho duro, e o empreendedorismo. Hoje, têm também negócios que faturam milhões de reais por ano.

Conheça a história de três brasileiras que vieram da pobreza e se tornaram milionárias através do próprio trabalho.



Para ficar linda, ela ficou rica

Mais de 70 mil clientes entregam madeixas rebeldes todo mês à Beleza Natural, tornando Zica uma das mais bem sucedidas empresárias do setor no Brasil


  


Os cachos de Zica ficaram como ela sempre quis, e a conta bancária, como nunca imaginou“O teu cabelo não nega, mulata.” O verso de Lamartine Babo é politicamente incorreto para os padrões de hoje, mas desde os anos 1990, Heloísa Helena Belém de Assis, a Zica, 50, não queria disfarçar seus crespos. “Nasci na Tijuca, na comunidade de Catrambi. Venho de uma família muito humilde. Comecei a trabalhar com 9 anos.” Filha do meio na fileira de 13 do pai biscateiro e da mãe lavadeira, Zica começou fazendo entregas de roupa lavada. “Sou a do meio, seis acima e seis abaixo”, se diverte.

Hoje, ela é dona da Beleza Natural, rede de salões de beleza especializada em cabelos cacheados. Zica não fala em números, nem gosta de expor seu endereço atual, um espaçoso apartamento em uma área nobre do Rio, onde mora com os filhos Junior, Jefferson e Claudineia, além da neta de quase dois anos. Mas sua rede, que começou num fundo de quintal, faturou R$ 19 milhões em 2005, último ano em que números oficiais foram divulgados. De 2005 para cá, o número de clientes dobrou – hoje são 70 mil. A rede se expandiu e onze unidades, nove no Rio, uma no Espírito Santo e outra na Bahia. Junto com a fábrica, a rede emprega 1.300 pessoas. O preço dos kits de produtos varia entre R$ 38,90 e R$ 51,50. A aplicação de Super-Relaxante, carro chefe da empresa, varia entre R$ 67,90 e R$ 87,90. 

Antes de pensar em ter um negócio, Zica fez de tudo um pouco, sempre lidando com clientes. Vendeu roupas íntimas e cosméticos de porta em porta, por exemplo. Casada e já com filhos, para segurar a renda, foi babá e fazia faxina em mansões “grandiosas” no Alto da Boa Vista.

Mas tinha uma preocupação: sempre reclamou que trabalhar com público com cabelo sem tratamento não dava. E não queria perder suas características correndo para o alisamento, o que era comum. “Meu sonho era ter o cabelo balançando, sem tirar a originalidade dele. Era complicado trabalhar com o cabelo assim, volumoso e ressecado”, conta. As patroas não gostavam, mas Zica não queria alisar. “Quem queria empregar quem tinha o cabelo assim, enorme? Era grande, alto, um bolo de cabelo. As pessoas associavam a sujeira, desleixo.” Zica fez alisamentos uma vez, para nunca mais. Aos 14 anos, odiou o resultado e o cabelo que sofreu com a química pesada. “Os fios ficaram finos, quebradiços, o cabelo não crescia como tinha que crescer.” Ela cortou e voltou para o estilo “Black power”, à moda dos anos 70.
Entre uma e outra faxina, se inscreveu no curso de cabeleireiro na paróquia São Camilo de Lellis, a igreja da comunidade onde vivia. Passou um mês aprendendo a conhecer e lidar com seus fios. “Aos 21 anos, fui fazer o curso e aprendi tudo que o mercado oferecia. Queria achar solução para meu cabelo, não fui atrás para trabalhar com isso. Queria saber como era o meu fio”, conta. “Eu era fissurada nos meus cachos e me negava a passar esses produtos para alisar.”

Ela começou a misturar materiais em busca da fórmula perfeita, que garantisse cachinhos cheios de movimento. Conversando com fornecedores, conseguiu matéria-prima para fazer experiências, misturou cremes que já existiam no mercado, testou tudo que havia para cabelos crespos. “Levei dez anos para chegar na fórmula do Super Relaxante”, conta. “Com meu creme, o cabelo começou a pentear mais macio, a maleabilidade era melhor, passou a ficar com balanço. Mexeu com minha autoestima e com a das pessoas da comunidade”, lembra Zica. Na prática, nunca trabalhou como cabeleireira em outros salões. “No máximo cortava cabelo da minha irmã ou da minha mãe.”

O próximo passo foi abrir um salão de fundo de quintal, na Tijuca, em 1993. O único bem da família era um Fusca, que ela convenceu o marido a vender para poderem começar um negócio. “Ele sabia do meu cabelo, ele viu minha necessidade. Ele acabou vendendo o carro e abrimos o salão”. Era uma casa de dois cômodos, “de mais de 100 anos”, lembra Zica. Em pouco tempo, o boca-a-boca e a divulgação com folhetos garantiram filas na porta que viravam na esquina antes do salão abrir. A solução foi colocar um sistema de senhas (que continua até hoje), para tentar atender ao maior número possível de pessoas. A procura pelos produtos era enorme também: clientes vinham com potes de maionese e margarina para levar os xampus e condicionadores para casa. 

“O salão abria às 8h da manhã e às 5h já tinha fila, com dezenas de pessoas”, conta Zica. “A gente não tinha espaço suficiente para atender essa quantidade de clientes. A essa altura, Zica já tinha chamado sócios: além do marido, vieram Rogério, irmão dela, e Leila Velez, que tinha trabalhado com Rogério no McDonald’s. “Ela tinha esse dom, e visão de como a gente tinha que crescer. Nós começamos a terceirizar a produção, patenteamos a fórmula”.
“Foi um sucesso, porque o produto não existia. Todo mundo queria, nosso mercado não oferecia e também não tinha nada importado”, diz Zica. Ela ficou na operação do salão, seu marido na contabilidade e seu irmão saiu do McDonald’s para trabalhar no Beleza Natural. “Logo depois veio a Leila trazendo o marketing. Com seis meses ela entrou, porque ela tinha uma visão muito boa de como divulgar o negócio.” Eles levantaram que os clientes vinham de várias partes do Rio: Caxias, Jacarepaguá, Nova Iguaçu, Madureira, Niterói. “Vimos que estava na hora de crescer para esses lados e abrimos a primeira filial”. Em 2004, os sócios abriram a própria fábrica, a Cor Brasil Cosméticos. 

  
Divulgação
Zica ao lado da sócia, Leila

A sócia Leila, hoje presidente da empresa, também começou cedo, aos 10 anos, fazendo entrega de roupas lavadas pela mãe e venda de cosméticos porta a porta. Aos 14 anos, entrou para o McDonald’s. Com 16, se tornou a gerente mais jovem da rede. “Precisamos até pedir uma autorização especial da matriz”, conta. Aos 19, entrou para a sociedade de Zica para trazer know-how dos empregos anteriores e criar coisas novas, que refletissem seu modo de ver o mundo – algo impossível de fazer numa empresa do porte de uma multinacional. “Acompanhei quando a Zica desenvolveu o produto, e veio muito a calhar a sociedade”, conta.

Elas instituíram uma “linha de produção” no salão, em que cada profissional se especializa em uma das sete etapas do tratamento. Fica mais rápido para a cliente mais barato para o salão. Leila migrou da faculdade de Direito para uma de administração, e daí em diante, voltou toda a carreira acadêmica para o negócio crescer. “É toda uma rede de contatos, e chances de aprender com os erros e acertos de outras empresas”, diz a sócia da Beleza Natural

A favela ficou para trás. Todo ano, as sócias viajam para a Cosmoprof, maior feira mundial de cosméticos, que acontece na Itália, para se atualizarem e sondar oportunidades no mercado. Aliás, Zica acaba de entrar em uma faculdade, onde cursa decoração. Mas confessa que já precisou matar aula para ir à feira de cosméticos.

A empresária faz questão de reproduzir oportunidades de crescimento: 70% dos funcionários são clientes da rede. “São meninas que se espelham pela minha história de vida, e vêem que podem chegar lá. Quem mais pode entender o que quer um cliente que tem o cabelo crespo?”




Fantasia de mulher-gato traz fama e dinheiro a comerciante

Fantasia de mulher-gato traz fama e dinheiro a comerciante
Sylvia foi de menina pobre que andava de jegue na infância a empresária do ramo moveleiro que dá autógrafos e tira fotos como celebridade

Danielle Nordi, iG São Paulo


 
Amana Salles/Fotoarena
Josefa Araújo, que se tornou a Sylvia Design, em uma de suas lojas na zona norte de São Paulo.

Quando conseguiu seu primeiro emprego em São Paulo, como empacotadora no departamento de brinquedos de uma loja, ela precisou fazer um crachá onde constaria seu nome. O verdadeiro é Josefa. O problema, segundo ela, era que este nome não serviria para seu objetivo de vida: destacar-se. Então, ela escolheu Sylvia. Por que com “y”? “Eu achei que era diferente, como eu. Nunca quis ser igual aos outros”, afirma Sylvia Araújo, ou melhor, Sylvia Design.

“As pessoas me chamam de Sylvia Design. O nome das minhas lojas virou o meu. Eu adoro. Significa que todo mundo conhece minha empresa. Afinal, são meus clientes e meus fãs que fizeram de mim o que sou hoje”. E olha que não é pouca coisa. A empresária tem seis mega-lojas em São Paulo, que atendem mais de três mil clientes por mês, e é uma “máquina de vender móveis”, como todos que convivem com ela a definem. No último “bota-fora” feito pela loja, todos os móveis poderiam ser pagos em até 12 vezes. Um jogo de sofá ou uma mesa de jantar com seis cadeiras custavam R$ 2.388,00, por exemplo. Já uma mesa com quatro cadeiras para varanda era vendida por R$ 1.788,00.

Mas a vontade de se destacar termina na hora de revelar seu faturamento – a cearense nunca revelou quanto ganha com sua empresa, e nem pretende mudar de ideia. Entre as condições para conceder uma entrevista ao iG, estavam a de não revelar detalhes do apartamento em que vive, um imóvel de luxo em localização improvável da zona norte de São Paulo; nem de outros de seus bens, como o automóvel de mais de R$ 300 mil que ela mesma dirige para ir trabalhar.

Sylvia foge da palavra “rica”, como de qualquer revelação sobre seu patrimônio. “Não uso a palavra ‘rica’. Eu acho que sou uma empresária muito bem-sucedida. Mas eu ralei muito para conquistar tudo que tenho. Comecei do nada e trabalhava de domingo a domingo. Agora posso parar na sexta-feira. Começo a ter condições de curtir um pouco a vida. Não sou deslumbrada. Não compro nada só porque tem marca”.

 
Amana Salles/Fotoarena
Sylvia durante a gravação de um dos comerciais de sua rede.

Sempre atenta a uma câmera de TV, não esconde que adora aparecer. “Eu gosto de dar autógrafos e de tirar fotos. Amo ser reconhecida nas ruas”, diz. A rotina de “celebridade” vivida por Sylvia hoje contrasta, e muito, com seu passado. “Como alguém que andava no lombo de um jegue porque não tinha outra opção poderia imaginar que iria ter uma rede de lojas e ficar famosa? Comprar um carro, por exemplo, não passava pela minha cabeça. Nem carteira de habilitação eu achava que iria tirar um dia”, diz.

A história de vida desta nordestina é daquelas difíceis de acreditar. A comerciante nasceu em um sítio de pequena cidade de Barro, no Ceará. “Hoje a cidade tem mais de vinte mil habitantes, mas na época que eu vivia lá eram só oito mil”. Sylvia faz questão de reforçar a ideia de que jamais se esqueceu ou teve vergonha de sua origem. Mas não esconde uma certa tristeza quando relembra o sofrimento do pai, que trabalhava na roça para sustentar os sete filhos. “Nunca faltou comida em casa, mas éramos muito pobres. Meu pai trabalhava de sol a sol para que eu e meus irmãos tivéssemos o que comer. Eu sempre quis dar uma vida melhor para meus pais e hoje eu consegui. Meu pai tem cuidados médicos 24 horas por dia”, diz.

É visível a gratidão da empresária pela criação que recebeu. Ela conta que dentro de sua casa honestidade não era qualidade, e sim uma obrigação. “Tiro uma semana de férias a cada seis meses para visitar meu pai no Ceará. Durante este tempo eu só me dedico a ele”.

Ela veio para São Paulo quando tinha 16 anos para ajudar uma irmã. A viagem do Ceará para a capital paulista foi bem longa. Durante três dias e duas noites alimentou-se apenas de frango assado com farinha no ônibus.

Logo que chegou, arrumou o primeiro emprego, empacotando brinquedos. De lá, Sylvia seguiu para lojas do ramo moveleiro. Não saiu mais. Depois de dezessete anos como gerente de vendas, muitos deles numa loja que viria a se tornar sua concorrente no futuro, a empresária conseguiu comprar seu primeiro apartamento e depois começou a poupar para algo mais ousado. Quando a poupança atingiu a quantia de oito mil reais resolveu que iria deixar um bom emprego com salário estável para abrir o seu próprio negócio.

 
Amana Salles/Fotoarena
Cabelo e maquiagem para encarnar a Sylvia Design

“Eu fui gerente durante anos e já entendia muito do ramo. Todos os fornecedores me conheciam e acabei usando isso para abrir o meu próprio negócio. Eu sempre falo para os meus funcionários: tem que pensar como patrão. Se pensa como vendedor, vai morrer vendedor. A gente tem que querer sempre mais da vida. Não sou egoísta e gosto quando vejo as pessoas progredindo”.


Hoje ela comanda mais de 250 funcionários e gosta de controlar tudo de muito perto. Um segundo centro de distribuição também está sendo construído para atender às necessidades da rede. “Eu não penso em expandir mais porque não quero que os negócios saiam do meu controle. Quanto mais a gente cresce, mais difícil fica para cuidar de tudo. Mas estou sempre mudando de opinião. Nada é definitivo”, afirma.
Quando resolveu mostrar sua empresa na televisão, ela se viu com um problema e logo veio a solução. Aliás, o raciocínio rápido da empresária impressiona. “Eu não tinha dinheiro para fazer inserções suficientes para me tornar conhecida. Precisei achar um jeito de me diferenciar”. Foi aí que ela começou a usar fantasias para anunciar seus móveis. A mais marcante, e que acompanha a marca até hoje, foi a de mulher-gato.

A loja Sylvia Design tornou-se conhecida graças aos comerciais de TV. Investir pesado em propaganda é um dos diferenciais da rede. E, como não poderia ser diferente, Sylvia é a grande estrela. Faz tudo de improviso nas gravações. Ela grita, pula e muge para anunciar um sofá de couro de vaca. Além, claro, dos já famosos “méééééaaauuuuuu” e “é só pra janeeeeeero”!

 
Amana Salles / Fotoarena
Sapato rasteiro, só quando visita o Ceará

Mas que ninguém se engane: Sylvia Design é diferente de Sylvia Araújo. A primeira é um negócio. A segunda é a empresária que comanda tudo com mãos de ferro. Tem um tom de voz mais baixo que o usado nos comerciais. É teimosa e, muitas vezes, autoritária, como ela mesma reconhece.A empresária sabia bem o risco que corria de ser ridicularizada. “Quem tem coragem de ir ao programa do Jô Soares vestida de mulher-gato? Eu tive. Eu sabia que podia dar muito certo ou muito errado. Tinha noção que muitos me criticariam, como alguns fazem até hoje. Se não for crítica construtiva, eu ignoro e pronto”.
A morena bonita e muito vaidosa não gosta de falar sua idade. “Eu fico na base do ‘se me dão’. Se as pessoas me dão uns dois ou três anos a menos do que tenho, já estou lucrando”, diverte-se.

Sylvia diz que sua rotina mudou radicalmente há três anos, quando teve problemas sérios de estresse e estafa. Ela não conseguia mais se desligar dos problemas da empresa e nem dormir. “Eu fiquei muito mal. Queria apenas ter uma boa noite de sono. Meu médico me aconselhou a desacelerar um pouco e foi o que fiz”.

Desacelerou, mas nem tanto. Ainda trabalha 10 horas por dia. Sylvia acorda às oito da manhã e vai para seu escritório. Depois, visita algumas lojas e segue para a academia três vezes por semana. Também faz drenagem linfática. “Tenho uma genética muito boa. Nunca fiz muitos tratamentos estéticos”.

“Só uso rasteirinha quando vou para o Ceará, porque a cidade é de paralelepípedo e meu salto fica preso. Acho que a mulher fica mais feminina e elegante de salto alto. O meu eu não dispenso por nada. Eu realmente gosto muito de sapatos”. Quantos ela tem, não revela, mas está prestes a doar mais de cem pares que não usa mais.

Sylvia também gosta de restaurantes. Ela não dispensa comida nordestina e uma boa churrascaria. “Tem vários lugares que vou sempre com a minha família”. Mas, no fim, a rotina segue sendo simples. Pela primeira vez, planeja uma viagem ao exterior. “Nem passaporte eu tinha. Peguei o meu não faz muito tempo”. Agora ela quer visitar a Disney e Nova Iorque.






A ex-sacoleira que ficou milionária


Empresária que vendia água na porta da faculdade construiu império com 160 clínicas odontológicas espalhadas pelo Brasil


 
Eduardo César/Fotoarena
Carla Sarni, dona da rede odontológicas Sorridents

Você já ouviu falar em Carla Sarni? Talvez não, mas as chances de conhecer a rede de clínicas odontológicas que ela fundou são maiores. A Sorridents, maior rede da América Latina, está presente em mais de 125 localidades do país. Em breve, este número aumentará para 160, já que muitas franquias vendidas estão em fase de implantação. Mas aos 37 anos ela quer mais. Está de olho no mercado de Portugal e Angola. O objetivo é um só: ser a maior do mundo no ramo.

“Sempre tive o dom para os negócios. Quando eu tinha uns 12 anos ganhei da minha mãe alguns carretéis com linha. Coloquei dentro de uma bacia e fui para a frente do mercado central da minha cidade. Levei duas cadeiras e ficava chamando as pessoas com a frase ‘entra, entra freguesia, chucha dinheiro na bacia’. Vendi tudo e comprei uma bicicleta cor de rosa”, conta a empresária com um bom-humor muito característico.
Ela vem de uma cidade pequena do interior de São Paulo, Pitangueiras. O pai era motorista de ônibus circular e a mãe vendia queijos e requeijão e, quando conseguiu juntar um dinheiro, comprou uma pequena loja onde começou a vender roupas. Carla cursava magistério pela manhã. Ela frisa que a única razão para estudar para ser professora era porque o curso era gratuito. Durante a tarde ajudava a mãe e no período noturno freqüentava as aulas do ensino médio, antigo colegial. Quando seu primo perguntou se ela não queria ir com ele para Minas Gerais prestar vestibular de odontologia, a vida da empresária tomou um novo rumo.

“Eu fui porque a inscrição não era cara e porque ele disse que ia ter muitas festas. Não achei que poderia ser aprovada”, confessa. Depois da boa notícia, veio o balde de água fria. A mãe, comerciante que contava o dinheiro no fim do mês e lutava para pagar as contas com o lucro da loja e o salário do marido, disse que não tinha condições de sustentá-la em outra cidade e ainda mais comprar os materiais didáticos tão caros que o curso exigia. Ela não desistiu e pediu permissão para tentar se manter sozinha. A experiência seria de apenas seis meses. Se não desse certo, Carla voltaria para sua cidade para terminar o magistério.

Foi então que ela começou a retirar roupas da loja da mãe e vender nas repúblicas de Alfenas, cidade mineira onde cursou faculdade. O período integral de estudos não desanimava a aluna. Depois das aulas ela visitava as casas de estudantes e vendia seus produtos. Quando as roupas acabavam, ela fazia bombons. Na época de vestibular, ia para a porta da faculdade vender garrafas de água. E desta forma ela se manteve no curso e ainda mandava o dinheiro que sobrava para ajudar os pais. “Fui apelidada de sacoleira, mas foi assim que eu me formei”, lembra.
Depois de se formar, Carla resolveu vir para São Paulo. Morava de favor na casa de um tio e começou a procurar emprego. Não foi aprovada num processo seletivo de um consultório que ficava em cima de uma padaria, na Vila Císper, zona leste da capital. Mesmo com a negativa, a empresária esperou todos os candidatos irem embora e reforçou ao dentista que, caso o profissional escolhido desistisse da vaga, ela precisava muito daquele emprego. Dias depois, ele a contratou.

“Depois de três meses, formava fila na porta por pessoas que queriam ser atendidas por mim”, afirma. Ainda na época que estava na faculdade sua avó e uma tia começaram a pagar um carnê de prestações para uma cadeira de dentista para Carla. Quando a cadeira saiu, ela informou o dono da clínica que iria embora. Foi quando ele lhe propôs que ela comprasse o consultório. Ela pagou 12 mil reais em 10 parcelas. E começou a expandir alugando as salas ao lado.

Enquanto trabalhava, pagava um consórcio de um automóvel. “Quando meu carro saiu, eu pensei: ‘vou deixar de ser pobre’. Mas, justamente nesta época, um imóvel perto do meu consultório foi colocado à venda. Eu dei meu carro como entrada e financiei o resto em 15 anos. Depois daí, tudo começou a mudar.
Em menos de 10 anos, Carla e alguns dentistas parceiros já possuíam 23 unidades da Sorridents. Em 2004, ela e o marido formataram o sistema de franquia e hoje a empresa é a maior do ramo, na América Latina, com 160 clínicas odontológicas. O faturamento do ano passado foi de 104 milhões de reais e o esperado para este ano é a quantia de 120 milhões.

Com o dinheiro vieram pesadas 16 horas de trabalho por dia, falta de tempo para atividades cotidianas, como ir ao mercado, e também para a família. Mãe de dois filhos, um de oito e outro de sete anos, Carla não participava mais da rotina das crianças. Há quatro anos, seu filho mais velho ficou dias internado numa UTI (unidade de terapia intensiva). Foi quando ela decidiu rever suas prioridades.

“Hoje a minha agenda depende dos meus filhos. Almoço em casa de duas a três vezes por semana e, durante o período de prova dos meninos, eu chego em casa às sete da noite e tomo a matéria até às nove. Depois volto a trabalhar lá mesmo. O fim de semana também é da minha família. A gente adora sair para comer fora, ir ao teatro e ao cinema”.

Tirando os filhos, o restante do tempo é dedicado integralmente aos negócios. A manicure e o cabeleireiro vão na sua casa e shopping nem pensar! “Só compro roupa ou sapatos quando realmente preciso. Não tenho tempo de ficar zanzando nas lojas. Também só pago o que considero justo. Não vou gastar cinco mil reais com uma bolsa aqui no Brasil, se posso comprá-la por menos da metade nos Estados Unidos ou na Europa”.

O que mudou com dinheiro e sucesso? “Basicamente temos muito mais conforto. Além disso, posso viajar para todos os lugares que sempre quis conhecer. Não dá para tirar períodos longos de férias, mas quando podemos, eu e meu marido, pegamos as crianças e vamos passear. Hoje em dia eu até desligo o celular”, conta Carla.

A família também possui um “refúgio” para os fins de semana: uma casa dentro de um condomínio fechado no Guarujá, litoral de São Paulo. “Na praia a gente sai para andar de bicicleta com as crianças e curtimos muito este momento com a família”.

A empresária conta que é econômica por natureza. “Não consigo sair gastando dinheiro sem pensar. Sei que tive que renunciar a muitas coisas na minha vida pessoal, por isso dou muito valor a tudo que conquisto. Na minha casa, por exemplo, fazemos mercado às quartas-feiras, dia em que legumes e frutas estão em promoção. Meus filhos só ganham presentes em datas comemorativas e se eles quebram algum brinquedo, precisam juntar o dinheiro de suas mesadas para comprar outro. Eu sempre falo que não vou repor algo que eles não cuidaram. Acredito que eles dão muito valor ao que têm e que já entendem que é preciso trabalhar muito para ter sucesso e uma vida confortável”, completa Carla.


"O segredo do sucesso é a constância para o objetivo."
( Benjamim Disraeli )